[CASA]-[LUA] apresenta projeto que abrange deslocamentos em sítios naturais, fotografia, processos de pós-produção  e agenciamentos por associações de palavras com imagens e desenhos. Os trabalhos apresentados são orientados pela proposta de inserção de palavras em cenas de paisagens fotografadas.

As palavras [CASA]-[LUA] apropriadas de jogo infantil de alfabetização, visam introduzir estranhamentos e atuar na desconstrução de referente da fotografia.

Através de palavras e introdução de grafismos sobrepostos às montagens fotográficas [CASA]-[LUA] busca potência poética no estranhamento provocado pela justaposições de elementos improváveis:

— onde se encontra a [CASA]? — cadê a [LUA] nas imagens mostradas?

Com o propósito de desconstruir as referências à realidade externa identificadas nas imagens, as palavras dizem respeito à desarticulação que se produz pela justaposição de coisas aparentemente disparatadas, agem como dispositivos de desestabilização de hábitos perceptivos culturalmente vinculados à fotografia: crer na relação direta da imagem com o referente.

Palavras inócuas, ingênuas, presentes em nossa imaginação desde a infância; [CASA]-[LUA] alude ao cotidiano e ao sonho, a exemplo do poema de Paul Eluard — “a terra é azul como uma laranja”. Nos trabalhos apresentados repercute a falta de correspondência que se identifica no poema de Eluard: uma coisa não vai de par com outra; o que a palavra designa não se encontra na imagem. As palavras desenraizam a imagem, arrancam-na de seu referente. A hipótese é provocar uma reação de deriva na mente do observador, em proximidade às derivas que instauram as imagens durante caminhadas.

 

A adoção do desvio como método para as ações na natureza pode reverberar no trabalho final? Entre o ver e o ler, o dito e o não visto, sentidos podem ser construídos em acordo com a experiência individual do observador.